
Empresa anuncia o fecho de todas as lojas no dia 1 de outubro, afirmando que será “temporário”. Trabalhadores, que têm salários em atraso desde maio, acusam a administração de montar uma farsa.
27 de Setembro, 2014 - 19:05h
Cerca de 30 pessoas manifestaram-se este sábado em Olhão contra o encerramento da Moviflor, anunciado pela empresa para o dia 1 de outubro e que a administração diz ser “temporário”. Os trabalhadores denunciaram a má gestão e a falta de transparência por parte da empresa, além dos salários em atraso. Ouvidos pela TVI, os trabalhadores acusaram a empresa de fazer uma grande farsa, porque “sempre disseram que as coisas iam melhorar” e acusam a administração de gastar milhões de euros com a abertura de lojas em Angola e Moçambique, ao mesmo tempo que deixava a empresa de Portugal descapitalizada.
A administração da Moviflor informou os gerentes das lojas que as instalações vão fechar a partir de 1 de outubro devido a dificuldades financeiras. O comunicado não deixa claro o que a empresa vai fazer em relação aos salários em atraso dos trabalhadores.
Salário em atraso desde maio
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP), no final de julho os trabalhadores ainda tinham em atraso salários de maio. Por este motivo foi formulado um pedido de insolvência por uma trabalhadora em agosto. Uma fonte do Sindicato informou no início do mês que face ao não pagamento dos ordenados, muitos funcionários suspenderam contratos e as lojas não funcionam por falta de pessoal, nomeadamente em Coimbra, Aveiro e Vila Real.
Plano Especial de Revitalização fracassou
A Moviflor não conseguiu cumprir o Plano Especial de Revitalização (PER) aprovado em Dezembro de 2013, nem chegar a acordo com um potencial investidor estrangeiro que nunca foi revelado pela empresa. O incumprimento do PER e sobretudo do pagamento progressivo dos salários e indemnizações é visto como "lamentável" por Marisa Ribeiro do Sindicato do CESP, em declarações à agência Lusa.
As medidas previam a recuperação da Moviflor através de um "reforço da estrutura financeira com capitais próprios, amortização do passivo, financiando meios libertos negativos" entre 2013 e 2015. Esse reforço dos capitais próprios viria da doação em espécie de imóveis detidos pelos acionistas avaliados em cerca de 1,1 milhões de euros. Foi estipulado e aprovado por 80% dos credores que se despediriam 320 trabalhadores e encerrariam cinco a seis lojas, entre as 24 existentes no país.
O plano indica como responsáveis pela situação financeira da empresa a recessão económica, o "desequilíbrio financeiro estrutural" correspondente a uma "deficiente cobertura do ativo não corrente por capitais" permanentes e “fortes restrições na obtenção de crédito bancário”, agravado pelo “reembolso de várias linhas de crédito a bancos estrangeiros e impossibilidade de renovação e reforço do financiamento"
A empresa tem mais de 1400 credores e mais de 147 milhões de euros de dívida, nomeadamente para com o fisco e a Segurança Social, valores mencionados no programa de revitalização do final de 2013.
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