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Povo Rohingya: Guterres alerta para risco de tragédia terrível

Povo Rohingya: Guterres alerta para risco de tragédia terrível O secretário-geral da ONU diz que Aung San Suu Kyi tem a “última oportunidade” de parar a ofensiva militar contra os rohingya e impedir uma tragédia “terrível”. Diretor da Burma Campaign UK denuncia a responsabilidade dos militares. 18 de Setembro, 2017 - 16:36h

Foi anunciado que a líder birmanesa Aung San Suu Kyi fará um “discurso à nação” nesta terça-feira, 19 de setembro de 2017, sobre “paz e reconciliação nacional”.

Em entrevista à BBC (link is external), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declara que esta será a “última oportunidade” para travar a ofensiva militar da Birmânia (Myanmar) contra o povo rohingya, que já provocou mais de mil mortos, dezenas de aldeias queimadas e a fuga de mais de 400 mil pessoas para o Bangladesh.

“Se ela não inverter a situação agora, a tragédia será absolutamente terrível e infelizmente não vejo como isso possa modificar-se no futuro”, sublinhou António Guterres à BBC.

De salientar que um porta-voz do governo birmanês, Zaw Htay, ameaçou recentemente que as autoridades do seu país não vão permitir que todas as pessoas rohingya que fugiram voltem para casa.

As declarações de António Guterres reforçam as denúncias e apelos já feitos por diversos prémios Nobel, nomeadamente por Malala Yousafzai e Desmond Tutu, por organizações de direitos humanos e pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, que afirmou que está em curso uma “limpeza étnica”.

Militares são os principais responsáveis pela “limpeza étnica”

Em notícia publicada pela Al-Jazeera, o diretor da Burma Campaign UK (link is external), Mark Farmaner, acusa o chefe das Forças Armadas da Birmânia (Myanmar), Aung Hlaing, de ser o principal responsável pela violenta repressão contra o povo rohingya.

Farmaner lembra que o governo civil, liderado por por Aung San Suu Kyi, tem os poderes limitados pelos militares e pela constituição que estes impuseram em 2008 e salienta que a prémio Nobel tinha o poder de criticar a ofensiva militar, mas não o fez. Não criticou a perseguição aos rohingya, que provocou a fuga de centenas de milhares de pessoas, não denunciou a destruição pelo fogo de dezenas de aldeias, nem questionou o papel dos militares, acusa Mark Farmaner.

A Burma Campaign UK lançou uma campanha pelo embargo de armas para a Birmânia, onde se destaca que Aung Hlaing está a fazer limpeza étnica contra os Rohingya e que é urgente um “embargo global de armas para a Birmânia (link is external)”.