
Grécia: nasceu o PASOK n.º 2
Ante a derrocada do PASOK nas sondagens, o antigo primeiro-ministro Giorgios Papandreou conseguiu formar o seu partido a poucas semanas das eleições. Artigo do diário Avgi.
8 de Janeiro, 2015 - 18:11h
Oficialmente, o PASOK n.º 2 nasceu hoje com o discurso de Giorgos Papandreou no Museu Benaki, e o depósito da documentação no Supremo Tribunal de Justiça e a publicação da declaração de princípios. E chama-se "Movimento de Democratas Socialistas".
O emblema é uma rosa em fundo vermelho e a declaração de princípios foi assinada por 252 personalidades, entre as quais Fílippos Petsálnikos, Marilena Koppá, Michalis Karchimákis e o irmão do ex-primeiro-ministro, Nikos Papandreou.
No seu discurso, Giorgos Papandreou evocou o 3 de Setembro, mais precisamente o aspecto da libertação nacional, para sublinhar que, hoje, em 2015, “ao dar-se por encerrado o ciclo que se seguiu à ditadura, um novo combate se inicia, desta feita pela libertação da democracia, que é uma democracia dominada pelos interesses económicos e mediáticos, que põem ao seu serviço um Estado clientelar”.
Argumentou que “os cidadãos exigem que nos libertemos desta nova dependência, que se enraizou nas nossas instituições democráticas — a dependência duma ordem económica, política e mediática que se serve duma administração governamental clientelar”.
Salientou que “apesar das grandes conquistas dos governos progressistas, as estruturas, os conceitos, as atitudes e os comportamentos que subjazem ao clientelismo sobrevivem, alastram e dominam. São responsáveis pela subversão das próprias funções do Estado, pelo afastamento do cidadão da política, pela dependência do poder local do Estado centralizado, pelo enorme fosso das desigualdades sociais, pelas distorções do desenvolvimento e, por último, pelo desperdício da riqueza e das forças do povo grego. Estas distorções e estas dependências, em vez serem combatidas pelo Estado de Direito, foram conscientemente reforçadas pelos governos conservadores. A governação do país que se seguiu ao nosso exercício tornou-nos vulneráveis à crise financeira internacional, sobretudo no que se refere ao cumprimento das nossas obrigações para com a UE. Engendrou défices e dívidas, minou a nossa credibilidade internacional e colocou o país à beira duma nova tragédia nacional, do espectro da falência, e submeteu a sociedade a uma dura provação.”
Teve todo o cuidado de não referir a posição, que foi a sua e também a dos deputados que o acompanham, durante os dois anos e meio do Governo Samaras-Venizelos, de cujas opções em nada divergiu, tendo tudo votado: propostas, orçamentos, todos os actos legislativos antidemocráticos.
Limitou-se apenas a responder à acusação que lhe é feita pelo PASOK de Elefthérios Venizelos, salientando: “Se pensasse no meu próprio bem, aceitaria o que me propunham: a reeleição assegurada, o lugar seguro de deputado. A troco de quê? Do meu silêncio perante uma falsa unidade, que afunda toda uma fação na desonra e que a maioria e que os outros denunciam em conversas privadas mas “engolem” em público. Fá-lo-ia se tivesse uma agenda pessoal, calar-me-ia, aceitaria”.
Na extensa declaração de princípios vinda a público figura uma referência, entre outras, ao ... socialismo! Nomeadamente: "Os valores do socialismo significam o compromisso constante e consciente para com a justiça social. Significam a construção da igualdade e da solidariedade. Ser responsáveis pela justiça entre os grupos sociais, entre as gerações, mas também pela protecção do ambiente. A vigilância constante contra as diversas formas de desigualdade que privam os cidadãos dos direitos fundamentais e das suas capacidades”.
Presentes no evento estiveram vários membros do PASOK e dirigentes como D. Reppas, P. Geroulanos, G. Petalotis, Gr. Niotis, I. Diamantidis, P. Zissis, D. Droutsas N. N. Sifunakis, Th. Moraítis , Phil. Sachinidis, S. Kedikoglou, Ch. Aidonis, Ch. Magkoufis, A. Makripidis, P. Vartzeli, o seu irmão Nikos Papandreou, a ex-deputada da Nova Democracia Elsa Papadimitriou, etc.
Venizelos: Criação do partido de Papandreou é um triste acontecimento
Em declarações à cadeia de televisão Alpha, o líder do PASOK e vice-primeiro-ministro, Evángelos Venizelos, classificou de triste acontecimento a fundação por G. Papandreou dum novo partido, uma questão meramente “pessoal” e “privada”. Acrescentou que o PASOK sente vergonha com o que está a acontecer, mas está decidido a ir ultrapassá-lo.
Venizelos reafirmou que a posição do Sr. Papandreou tem a ver com a formação das listas do PASOK, acrescentando que após as eleições será realizada uma conferência de renovação aberta.
À pergunta de se o PASOK tenciona trabalhar com o SYRIZA, Venizelos não disse que não, mas com a condição dum acordo programático com base na verdade, que, no entanto, o SYRIZA, ao que alega, esconde.
Artigo publicado no diário Avgi a 4 de janeiro de 2015. Tradução de Carlos Leite para o esquerda.net
Termos relacionados Notícias internacional
Versão para imprimir
Enviar por mail
Versão PDF
Adicionar novo comentário
O seu nome *