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"Os burgueses", comem tudo , tudo....

“Os Burgueses": Estudo ajuda a compreender porque querem tornar Portugal num país inviável

 

Mais de cem pessoas foram na terça-feira ao lançamento do livro “Os burgueses”, de autoria de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes e Jorge Costa, em Lisboa. A obra de mais de 500 páginas, que se dedica a dissecar as cerca de mil pessoas donas de mais de metade do produto nacional do país, foi apresentada pelo ex-bispo das Forças Armadas D. Januário Torgal Ferreira e pelo sociólogo José Manuel Sobral.

Entre os presentes estavam o ex-presidente da República Mário Soares, os socialistas João Cravinho e Vítor Ramalho, o ex-secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva e os coordenadores do Bloco de Esquerda

Entre os presentes estavam o ex-presidente da República Mário Soares, os socialistas João Cravinho e Vítor Ramalho, o ex-secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva e os coordenadores do Bloco de Esquerda, Catarina Martins e João Semedo, bem como o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares.

D. Januário Torgal abriu a apresentação com uma intervenção muito viva e ao mesmo tempo erudita, até porque “não podia parecer mal entre dois catedráticos” e outro que “lá há-de chegar”. Terminou com um desafio: que venha um trabalho de profundidade semelhante sobre o proletariado.

José Sobral concluiu a sua intervenção com uma certeza: a que diante da desigualdade crescente que se observa em Portugal, o protesto dos despossuídos acabará por encontrar canais para se expressar.

Estudo inédito

 

No lançamento de “Os Burgueses”, Francisco Louçã diz que o estudo ajuda a compreender os motivos que levam a classe dominante a mergulhar Portugal no empobrecimento. Obra de mais de 500 páginas estuda a vida social das mil pessoas que constituem o núcleo que ocupa os lugares fundamentais de poder. D. Januário Torgal e José Manuel Sobral apresentaram, Mário Soares, João Cravinho, Carvalho da Silva, entre outros, estiveram presentes.

16 de Abril, 2014 - 18:51h

 

Burgueses” corresponde a um trabalho de investigação de dois anos, que mobilizou uma equipa mais ampla que os três autores, com destaque para os jovens investigadores Nuno Moniz e Adriano Campos, que trabalharam na base de dados de ministros e secretários de Estado, e as suas ligações com os negócios e as empresas.

A primeira parte da obra incide sobre a construção do poder social da burguesia portuguesa, sobretudo nas últimas décadas. Inclui o estudo inédito dos percursos dos 776 membros de todos os governos constitucionais e da sua cooptação pelas principais empresas financeiras, do PSI20 e das parcerias público-privadas.

A segunda parte estuda a vida social deste milhar de pessoas que constitui o núcleo da classe dominante e que ocupa os lugares fundamentais de poder: onde moram, as escolas que frequentam, os seus casamentos e alguns dos seus luxos.

A terceira parte procura responder a uma nova pergunta sobre esta relação de poder. Se de um lado estão os 99% e do outros os 1%, porque são estes que mandam? O livro parte da expansão das máquinas de produção de senso comum para uma teoria do poder. Publicidade, telenovelas, discursos das autoridades e de telejornal, concursos, livros infantis, homilias, literatura kitsh, exames de faculdade - esta análise inclui todas estas formas de criação de mitos e geração de desejo e representação que sustentam a hegemonia burguesa.

A obra em papel complementa-se com o site Os Burgueses, onde estão disponíveis documentos, elementos gráficos, bases de dados, resumo dos capítulos e outros materiais deste estudo.

Livro é uma das chaves para compreender por que esta classe afirma hoje que Portugal se tornou num país inviável. 

Dizem-nos que Portugal é um país inviável”

Na última intervenção da noite, Francisco Louçã, que falou depois de Teixeira Lopes e Jorge Costa, disse que o conhecimento de quem é, de onde veio e como se organiza a burguesia portuguesa é uma das chaves para compreender por que esta classe afirma hoje que Portugal se tornou num país inviável. “Esta é a única conclusão que podemos tirar quando o próprio Presidente da República nos diz que o país terá de viver mais 20 anos de empobrecimento”.

Compreender as ligações da burguesia portuguesa com o capital internacional, a relação, no concreto, que as suas empresas mantêm perante o mundo globalizado, a sua relação de dependência face ao capital internacional talvez ajudem a explicar esta política de empobrecimento, de definhamento do país – que adotou o nome de austeridade – que os que mandam no país querem eternizar.

O livro, editado pela Bertrand, já está à venda nas livrarias e custa em torno de 20 euros.

 

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