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EUA registam novo boom de petróleo de xisto

EUA registam novo boom de petróleo de xisto O número de sondas de perfuração nos EUA aumentou 91% em nove meses e a produção cresceu em mais de 550 mil barris por dia desde o primeiro trimestre. Exxon canaliza cerca de um terço do orçamento de exploração para campos de xisto. 6 de Março, 2017 - 17:26h

Após uma crise de dois anos que levou à queda do preço do petróleo de 100 dólares para 26 dólares, a produção americana de petróleo de xisto - shale oil – volta a registar um aumento acentuado. O número de sondas de perfuração nos Estados Unidos da América cresceu 91% em pouco mais de nove meses, ascendendo a 602, e a produção ultrapassou os 9 milhões de barris por dia pela primeira vez desde abril.

Segundo avança a Bloomberg, grandes grupos petrolíferos, como a Exxon Mobil, estão a apostar no petróleo de xisto e no polémico meio de extração através de fraturação hidráulica (fracking) que, sendo a técnica que permite lucro mais rápido e mais fácil, já comprovou ter perigosas implicações ambientais e na saúde pública.

A Exxon está, inclusive, a afetar cerca de um terço do seu orçamento de exploração deste ano para os campos de xisto, que, conforme assinala o CEO da empresa, Darren Woods, permitirão um fluxo de caixa em somente três anos. Em janeiro deste ano, a Exxon fechou um acordo de 6,6 mil milhões de dólares, que visa duplicar a presença da empresa na bacia do Permiano, o campo de xisto mais fértil dos EUA.

O rejuvenescimento do negócio do xisto nos EUA deverá acentuar-se com o apoio de Trump à indústria do petróleo dos EUA. Em janeiro, a Casa Branca anunciou que os EUA vão abandonar a sua política de redução de energias poluentes e retomar as perfurações do petróleo e gás de xisto: "A administração Trump vai abraçar a revolução do petróleo e gás de xisto para criar empregos e trazer a prosperidade a milhões de norte-americanos".

O aumento acentuado da produção de petróleo de xisto nos EUA pode ter consequências no que respeita à manutenção do acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros exportadores mundiais de petróleo que não integram esta organização.

Mediante a queda acentuada dos preços do petróleo, para a qual também contribuiu fortemente o boom da extração de petróleo de xisto com a tecnologia da fratura hidráulica, o acordo visou diminuir a produção mundial de petróleo entre 1,5 milhão de barris por dia (bpd) a 1,8 milhão bpd, fazendo com que a oferta global do petróleo registasse uma queda de quase 2%.