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Seis em cada dez portugueses são pré-obesos ou obesos

Seis em cada dez portugueses são pré-obesos ou obesos De acordo com um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou risco de desenvolver essa condição. A obesidade é significativamente superior nas mulheres, nos mais idosos e nos indivíduos menos escolarizados. 9 de Dezembro, 2017 - 17:46h
O estudo, coordenado pela investigadora Carla Lopes, e que avaliou, pela primeira vez a prevalência da obesidade em todos os segmentos etários da população portuguesa, revela que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade.

"Somando os dois valores, constata-se que seis em cada dez portugueses (60% da população) são pré-obesos ou obesos", sinalizou Andreia Oliveira, investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP.

No estudo foram avaliadas as prevalências de obesidade generalizada, mediante o cálculo do índice de massa corporal, e central, ou seja, a nível do perímetro da cintura. Para o efeito, foram tidos em conta os dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) 2015-2016, divulgados em março deste ano.

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Ao analisar os dados por sexo, faixa etária e nível de escolaridade, foi possível concluir que a obesidade é significativamente superior nas mulheres, nos mais idosos e nos indivíduos menos escolarizados, tornando-os grupos de risco.

Já no que respeita especificamente à obesidade abdominal, os homens são os mais afetados, principalmente os mais idosos.

"Com este estudo, conseguimos ver o aumento gradual da obesidade ao longo da idade e percebemos que nas crianças e adolescentes já há uma percentagem bastante considerável de pré-obesidade (17% e 24%, respetivamente)", frisou Andreia Oliveira.

A investigadora alertou ainda que as prevalências de obesidade estão a aumentar significativamente em todo o mundo, pelo que a situação pode tornar-se "mesmo caótica" daqui a uns anos.

"Se hoje em dia os níveis de pré-obesidade e de obesidade são já tão elevados em idades precoces, no futuro veremos que a percentagem de obesos poderá ser ainda maior, dado que sabemos que há uma elevada probabilidade de uma criança obesa vir a ser um adulto obeso", apontou.

Tendo em conta que a obesidade é um fator de risco para o aparecimento de várias outras doenças, como o cancro, as doenças cardiovasculares e também patologias do foro psicológico, Andreia Oliveira vincou que, “em termos de saúde pública, é um problema grave com grande prevalência no nosso país".

"A faixa dos adolescentes é na verdade aquela que parece apresentar piores indicadores, destacando-se o baixo consumo de fruta e hortícolas, a elevada ingestão de refrigerantes e a inatividade física, com base nos resultados do mesmo inquérito", sinalizou a investigadora.

Andreia Lopes avançou que o combate à obesidade deverá passar pela aposta em "programas mais estruturais e pelo reforço da legislação". Em causa estão, nomeadamente, a mudança das disponibilidades alimentares, a taxação de bebidas açucaradas e a criação de infraestruturas para a prática de atividade física.

Além de Andreia Oliveira e Carla Lopes fazem parte do estudo "Prevalence of general and abdominal obesity in Portugal: comprehensive results from the National Food, Nutrition and Physical Activity Survey 2015-2016" os investigadores Joana Araújo, Milton Severo, Daniela Correia, Elisabete Ramos e Duarte Torres.

Este trabalho foi distinguido no dia 26 de novembro, durante a cerimónia de encerramento do 21.º Congresso Português de Obesidade, na categoria "Obesidade e Comorbilidades".

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