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Eurodeputados pedem intervenção da UE contra abusos aos presos sarauís

Eurodeputados pedem intervenção da UE contra abusos aos presos sarauís A situação de dois presos sarauís, vítimas de tortura física e psicológica e em isolamento sem assistência médica desde o início do mês, levou 26 eurodeputados a exigir que a UE intervenha junto do governo de Marrocos. 11 de Dezembro, 2017 - 18:45h

A carta subscrita por 26 eurodeputados, entre os quais Marisa Matias, Ana Gomes, Miguel Viegas e Marinho e Pinto, chama a atenção da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Federica Mogherini, para a situação de Sidi Abdallahi Abbahah y Ahmed Sbaai, presos e torturados desde 2010, durante o despejo do “Acampamento da Dignidade” em Gdeim Izik, perto da capital saraui, El Aiun. Os eurodeputados denunciam que estes dois presos estão “há sete anos a ser submetidos a torturas físicas e psicológicas por parte das autoridades marroquinas, temendo-se que a sua saúde não possa aguentar o isolamento em celas minúsculas sem roupa nem nada com que proteger-se”, diz a carta citada pelo Publico.es. O estado de saúde muito debilitado destes dois presos é razão mais do que suficiente para a intervenção da UE, tendo em conta também que Ahmed Sbaai sofre de doença cardíaca crónica, que não está a ser vigiada por médicos. Ler também: O embuste de Marrocos no processo de Gdeim Izik Por outro lado, acrescentam, os 19 presos no acampamento ainda detidos, todos condenados a penas superiores a 25 anos de prisão, foram alvo de dispersão por sete cadeias, algumas a mais de mil quilómetros de casa, sujeitos a isolamentos até 22 horas por dia, falta de cuidados médicos e proibição de visitas de familiares. Por várias vezes recorreram à greve de fome, que chegaram a prolongar-se por três semanas, correndo risco de vida. A carta dos eurodeputados conclui que a UE deve “convidar o governo marroquino a libertar os presos políticos do grupo Gdeim Izik”. O acampamento de Gdeim Izik foi um momento alto da denúncia da ocupação marroquina do Sahara Ocidental, tendo sido considerado pelo linguista norte-americano Noam Chomsky como o momento que despoletou as revoltas da “Primavera Árabe”. A iniciativa da carta foi da eurodeputada da Izquierda Unida, Paloma Lopez, que organizou no final de novembro em Bruxelas as jornadas "Violações dos Direitos Humanos no Sahara Ocidental".