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Associação José Afonso repudia ameaça de criminalização de movimentos sociais no Brasil

Associação José Afonso repudia ameaça de criminalização de movimentos sociais no Brasil Em comunicado, a Associação José Afonso manifesta as maiores preocupações face aos resultados das recentes eleições no Brasil e às declarações reacionárias e fascizantes do presidente recém eleito. 16 de Novembro, 2018 - 11:24h

Face à intenção de Bolsonaro de criminalizar os movimentos sociais, como o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra ou o MTST, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, considerando-os terroristas, a Associação José Afonso (AJA) acusa o presidente recém eleito de não só querer “rasgar a Constituição brasileira de 1988 como suprimir o activismo social, componente fundamental de qualquer processo progressista de mudança social e política”.

A AJA lembra as origens do MST e do MTST:

“O MST foi criado ainda no tempo da ditadura militar para organizar a luta pela justiça social em torno dos direitos dos deserdados da terra e pela Reforma Agrária, num projecto que é também de preservação dos recursos naturais, de promoção da agro-ecologia e de alfabetização popular”.

Já o MTST foi, por sua vez, “criado para apoiar a luta do povo pelo direito à habitação, defendendo os que vivem em casas ou espaços ocupados ou aqueles que são afectados por rendas altas que consomem parcelas exagerados do rendimento familiar ou vivem em situações precárias”.

Criminalizar os movimentos sociais é destruir os pilares da democracia
A AJA afirma-se solidária com os movimentos sociais no Brasil, denunciando “a entrega do novo presidente da república daquele país aos interesses dos latifundiários e da especulação fundiária, nas cidades e nos campos do Brasil, expressão do capitalismo selvagem e agressivo, ameaçando reprimir ainda mais as populações sem terra e sem casa, que se organizam e lutam”.

No documento, a Associação evoca, “como símbolo e exemplo dessa luta, a figura de Alípio de Freitas, que sofreu a perseguição, a tortura e a prisão, sempre ao lado das populações pobres do Brasil, tendo sido dirigente das velhas Ligas Camponesas e presidente da Federação da Associação de Favelas do Estado de Guanabara no início dos anos 60”.

A AJA remata com um trecho de música que José Afonso dedicou a Alípio de Freitas: “Sabemos bem que a luta de Alípio, que foi dirigente da Associação José Afonso, é hoje prosseguida por estes movimentos, que não descansarão enquanto houver um sem terra e um sem tecto no Brasil. Por isso, da canção com o seu nome, que José Afonso lhe dedicou proclamamos aqui:

“Fascistas da mesma igualha
(Ao tempo Carlos Lacerda)
Sabei que o povo não falha
Seja aqui ou noutra terra”.

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